Com a popularização do Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central, criminosos têm aproveitado a agilidade da ferramenta para aplicar golpes virtuais cada vez mais sofisticados. Fraudes bancárias, estelionato virtual e ataques de engenharia social têm se tornado mais comuns e preocupantes.
O que era para ser uma solução prática e segura, virou alvo de quadrilhas que se aproveitam do medo e da falta de informação para enganar as vítimas. “É um golpe que utiliza do Pix por ser um meio de pagamento rápido. O valor cai na hora na conta. A não ser em alguns casos, em que os bancos têm um tempo curto para analisar a fraude, fica difícil reagir”, explica Sidnei Fernando, gerente de segurança da informação do Paraná Banco.
Segundo ele, a agilidade do sistema – justamente seu principal diferencial – também abre brechas na segurança digital. “Por conta da velocidade da transação, acaba sendo uma oportunidade para quem é mal intencionado”.
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Tipos golpes com Pix: os mais comuns
As fraudes bancárias mais recorrentes envolvem a chamada Engenharia Social, técnica em que o golpista manipula a vítima psicologicamente, fingindo ser alguém de confiança.
“O mais comum é o criminoso ligar se passando por funcionário do banco. Ele tira o seu poder de reação. Antigamente era o golpe do bilhete premiado, hoje usam o medo: dizem que tem uma compra suspeita no seu cartão, mas que conseguem cancelar se você responder agora”, relata Sidnei.
Outro golpe frequente é o da mão fantasma. Nesse caso, o estelionatário liga para a vítima e afirma que há uma irregularidade na conta. A pessoa, sem perceber, é convencida a instalar um aplicativo ou software que permite o acesso remoto ao celular ou computador. “O banco nunca vai pedir isso. Mas, na hora, a pessoa não consegue raciocinar e acaba permitindo o acesso”, alerta o especialista.
Além disso, há tentativas de fraudes bancárias com QR Codes falsos e links maliciosos. O criminoso troca o código de pagamento em estabelecimentos ou envia links que, ao serem clicados, permitem o controle do aparelho da vítima. “Não clique em links desconhecidos. Pode ser um link que vai permitir ao fraudador se conectar na sua máquina”, diz Sidnei.
As principais vítimas dos golpes com Pix costumam ser as pessoas mais vulneráveis digitalmente. “Idosos ou quem não conhece o mundo digital são os alvos preferidos. Eles não sabem identificar essas situações e acabam sendo facilmente manipulados. O criminoso faz terrorismo emocional para impedir qualquer reação”, explica.
O que fazer se você cair em um golpe do Pix?
Se você for vítima de uma fraude bancária, é essencial agir rápido. “Entre em contato com a instituição financeira. O Pix tem um mecanismo chamado MED que permite o bloqueio entre instituições, mas os criminosos são muito rápidos”, afirma Sidnei.
Ele se refere ao Mecanismo Especial de Devolução (MED) do Pix, uma ferramenta criada pelo Banco Central para facilitar a devolução de valores em casos de fraudes, golpes ou falhas operacionais nas transações Pix. Ele permite que as instituições financeiras bloqueiem temporariamente os recursos na conta do recebedor e analisem a situação para determinar se a devolução é necessária.
Na prática, os bancos enfrentam dificuldade em recuperar os valores, pois os golpistas costumam repassar rapidamente os recursos para diversas contas. “A pessoa transfere R$ 5 mil de um banco para outro. O fraudador, em segundos, já dividiu isso em cinco contas diferentes. É difícil acompanhar essa velocidade. Por isso, o primeiro passo é procurar o banco imediatamente”, explica.
Além disso, Sidnei orienta ainda que a vítima:
- registre um boletim de ocorrência;
- procure uma delegacia especializada em crimes virtuais, como o Nuciber, o Núcleo de Combate aos Cibercrimes da Polícia Civil
É possível recuperar o dinheiro perdido na fraude do Pix?
Sim, em alguns casos. “A instituição pode ressarcir, mas depende de conseguir identificar o golpe”, pontua o gerente.
Como evitar golpes financeiros?
A principal estratégia é a prevenção. “Desconfie de ligações. O banco não vai instalar software, não existe ‘código’ que você tenha que passar. E o banco também não vai te ligar pedindo acesso remoto”, alerta Sidnei.
Segundo ele, as instituições financeiras têm sistemas automáticos de segurança. “Se você não responder, o próprio banco já identifica como tentativa de fraude.”
Outra orientação importante é verificar cuidadosamente os dados antes de fazer uma transferência. “Veja se a conta é realmente da pessoa ou da empresa. Se um hotel pedir uma transferência, confira o CNPJ, veja se faz sentido. E, principalmente: se o nome que aparece for ‘João da Silva’, desconfie. Banco não tem cofre digital com nome de pessoa física.”
Por fim, é importante desconfiar de promoções irresistíveis na internet. “Hotel, carro ou produto muito abaixo do preço de mercado? Tem um motivo. É melhor achar que é golpe do que acreditar que é verdade.” “É um exercício de paranoia”, resume Sidnei. “Muitas vezes vamos desconfiar de algo verdadeiro achando que é golpe. Mas é melhor achar que uma operação verdadeira é golpe, do que o contrário”, finaliza.
Fonte ==> Gazeta