Quer ser relevante? Prepare-se para influenciar as IAs – 01/06/2025 – Ronaldo Lemos

A imagem mostra silhuetas de várias pessoas sentadas em mesas, algumas usando laptops e outras em diferentes posturas. Ao fundo, há um texto em destaque que diz

Existe um novo desejo global: aparecer nos resultados das conversas e pesquisas feitas no ChatGPT, Claude, Gemini, DeepSeek e assim por diante. Em outras palavras, virar influenciador de IA. Esse desejo tem raízes e repercussões profundas.

Se no mundo que existia há dois anos o que reinava eram as buscas feitas no Google, um novo mundo nasce agora. Nele o que importa são os resultados da inteligência artificial.

Ficar no topo das buscas do Google valia (e ainda vale) milhões. Por causa disso toda uma indústria surgiu para influenciar o algoritmo da empresa para colocar o nome de marcas, produtos, pessoas e ideologias no topo. Ela ficou conhecida como SEO (Search Engine Optimization).

Só que atualmente há fluxo migratório intenso das buscas para a inteligência artificial. Muita gente diminuiu radicalmente o uso do Google e passou a perguntar tudo para a IA. As experiências são diferentes. Uma sessão de busca dura algo como 50 segundos e usa em média quatro palavras. Uma sessão com a IA dura de 6 a 8 minutos e usa em média 23 palavras, de acordo com dados publicados por Andreessen Horowitz.

Para aparecer nesses resultados surge agora uma outra indústria: o GEO (Generative Engine Optimization). O objetivo é construir “relevância” para uma marca, pessoa ou ideia para a inteligência artificial, fazendo com que ela seja citada pelas IAs. Considerando que a Apple e outras empresas planejam trocar em breve os motores de busca do iOS para inteligência artificial, ter relevância dentro da IA daqui para frente vai virar questão de vida ou morte para muita gente.

Estamos vivendo na prática mais uma vez a frase de Marshall McLuhan. Quando mudam os meios, tudo muda. A começar pela mensagem. Por conta disso, profissionais de marketing, empresas de mídia, políticos e influenciadores estão justamente fazendo essa pergunta: como influenciar a IA para continuar sendo relevante nesse novo mundo?

Algumas respostas estão começando a aparecer. Por exemplo, aparecer na mídia tradicional (como os jornais) é uma excelente forma de construir autoridade para as IAs. As inteligências artificiais, ao menos hoje, enxergam conteúdo jornalístico de marcas com reputação (alô, Folha!) como altamente relevantes, o que propicia que seja citado nos resultados.

O desdobramento disso é que o mundo do jornalismo está se dividindo entre os veículos que permitem que seu conteúdo seja usado para treinar IA e os que não permitem (ao menos, não sem pagamento). Isso vai ser curioso. A relevância de um veículo cujo conteúdo integra as IAs será diferente daqueles que não integram. Dá para imaginar um futuro em que entrevistados e fontes prefiram falar apenas para veículos que integram inteligências artificiais, em detrimento dos demais. Um cruzamento entre Marshall McLuhan e as distopias de Aldous Huxley.

Já era – Eficácia dos links patrocinados

Já é – SEO, otimização para mecanismos de busca

Já vem – GEO, otimização para mecanismos generativos (IAs)



Fonte ==> Folha SP

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