15 de julho de 2025

Rússia reage à ameaça de Trump e diz que ultimatos são ‘inaceitáveis’

O porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, reagiu à ameaça tarifária feita na última segunda-feira (14) por Donald Trump. Segundo ele, a fala foi uma “declaração muito séria” e Putin comentará o assunto “se e quando julgar necessário”.

“A declaração do presidente dos EUA é muito séria. Há algo nela que é dirigido pessoalmente ao presidente Putin. Certamente precisamos de tempo para analisar o que foi dito em Washington. E se e quando o presidente Putin julgar necessário, ele certamente comentará. Não gostaria de me precipitar e vamos aguardar a decisão de Putin, para ver se ele próprio comentará”, afirmou o porta-voz.

O presidente dos EUA fez um ultimato a Moscou, afirmando que pode adotar “tarifas secundárias” de até 100% contra a Rússia, caso o país não chegue a um acordo sobre a guerra da Ucrânia nos próximos 50 dias.

Além do porta-voz do Kremlin, quem se manifestou em relação às falas de Trump foi o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, que classificou a ameaça do republicano como uma consequência de uma pressão da União Europeia.

“50 dias, antes eram 24 horas, eram 100 dias, já passamos por tudo isso e queremos realmente entender o que motiva o presidente dos EUA. É evidente que ele está sob enorme, eu diria, indecente pressão da União Europeia e da atual liderança da Otan, que apoiam sem cerimônia as demandas de Zelensky”, afirmou o chanceler.

O ministro Serguei Lavrov acrescentou que a Rússia está lidando com as sanções e lidará com novas. Ele enfatizou que os iniciadores de novas restrições também sofrerão reações.

Já o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Ryabkov, por sua vez, afirmou que “qualquer tentativa de fazer exigências a Moscou é inaceitável”. Ryabkov também observou que a Rússia deseja que os EUA e a Otan levem a posição russa com a máxima seriedade. “É claro que notamos, antes de tudo, que qualquer tentativa de fazer exigências, especialmente ultimatos, é inaceitável para nós”, disse o diplomata, citado pela mídia estatal russa, na terça-feira, 15 de julho.

Ao mesmo tempo, Ryabkov observou que o caminho diplomático para a resolução do conflito na Ucrânia é preferível para o lado russo e que Moscou está pronta para negociar. “Precisamos nos concentrar no trabalho político e diplomático. O presidente da Federação Russa afirmou repetidamente que estamos prontos para negociar e que o caminho diplomático é preferível para nós”, disse o vice-ministro. “Mas se isso não encontrar uma resposta adequada, se não conseguirmos atingir os objetivos por meio da diplomacia, então a operação militar especial (nome oficial usado para a guerra da Ucrânia) continuará”, acrescentou.

Na declaração da última segunda-feira, Donald Trump disse estar “frustrado” em relação à falta de resultado nas recentes conversas com Putin.

“Eu chego em casa e digo à primeira-dama: ‘Vladimir (Putin) e eu tivemos uma conversa maravilhosa hoje’. Ela responde: ‘Sério? Mais uma cidade acaba de ser atacada [na Ucrânia]’”, acrescentou o presidente dos EUA. Segundo ele, “quando isso acontece três ou quatro vezes, você percebe que essas conversas [com Putin] não fazem o menor sentido”.

Dmitry Peskov acrescentou que este tipo de situação faz com que o lado ucraniano interprete o atual cenário “não como um sinal de paz, mas como um sinal para continuar a guerra”.

Ele observou que Moscou aguarda as propostas de Kiev para a realização de uma terceira rodada de negociações de paz. “Continuamos prontos, ainda não recebemos propostas do lado ucraniano”, declarou.

Fornecimento de armas à Ucrânia

Outro ponto da declaração de Donald Trump foi que os EUA e a Otan chegaram a um acordo sobre o fornecimento de armas à Ucrânia, que será realizado custas dos países europeus.

Segundo ele, novas entregas de armas dos EUA incluirão sistemas Patriot, e a possibilidade de transferir 17 desses sistemas está sendo considerada. A Otan e o representante permanente dos EUA na aliança, Matt Whitaker, coordenarão a transferência de armas.



Fonte ==> Brasil de Fato

Leia Também

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *