‘Sem anistia para Bolsonaro’ é a palavra de ordem mais entoada no 8M no Rio de Janeiro

Milhares de feministas foram às ruas do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (10), para exigir a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e demais envolvidos na tentativa de golpe de Estado. “Sem anistia” foi a palavra de ordem mais entoada ao longo da marcha do Dia Internacional de Luta das Mulheres que percorreu trecho da Candelária à Cinelândia, no centro da cidade, no final desta tarde.

A expectativa pelo julgamento de Bolsonaro, e sua eventual condenação, foi a tônica do ato que ganhou ares de bloco de carnaval. Mulheres de todas as idades empunharam faixas e cartazes pelo direito ao aborto, melhores condições de trabalho, salário digno, mais dias de folga na semana e o fim da escala 6×1.

Durante o ato, o protagonismo das mulheres por memória e justiça da ditadura civil-militar também foi lembrado. Entre elas, homenagens à luta de Eunice Paiva, interpretada pela atriz Fernanda Torres no filme vencedor do Oscar Ainda Estou Aqui.

Pela vida das mulheres

Diante dos últimos casos de feminicídio, a luta pela vida das mulheres também ecoou por justiça na marcha do Rio de Janeiro. O ato cobrou justiça para a jovem Evelyn Cristina, de 18 anos, morta pelo ex-namorado em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O corpo dela foi encontrado na casa do suspeito no sábado (8), Dia Internacional da Mulher.

No último ano, 107 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado do Rio, segundo dados do Panorama da Violência Contra a Mulher. Tentativas de feminicídio somaram 370 denúncias nas delegacias do estado, um recorde na série histórica.

A lei que qualifica o feminicídio como crime hediondo completou 10 anos no último domingo (9). Em 2024, o presidente Lula (PT) sancionou um aumento da pena para os condenados por esse crime, passou a ser de 20 a 40 anos de prisão.

Apesar dos avanços nas políticas públicas, o assassinato de mulheres pelo fato de serem mulheres não diminuiu. A deputada estadual Elika Takimoto (PT) ressaltou a importância da campanha pelo Feminicídio Zero, uma pauta puxada pelo Ministério das Mulheres.

“Eu acho que a gente lutar pelo Feminicídio Zero está sendo urgente para a diminuição da violência contra as mulheres, porque as estatísticas estão aumentando ano a ano. A lei do feminicídio completou dez anos, com avanços, mas ainda precisa de muito mais, estamos muito aquém do que a gente precisa”, destacou.

A movimentação da extrema direita no Congresso para aprovar a anistia para golpistas envolvidos nos atos de 8 de janeiro deve ser acompanhada com atenção pelas mulheres, segundo a deputada: “As mulheres sempre tiveram na linha de frente da luta com bandeiras como ‘Ele Não e ‘Fora Bolsonaro’. A união das mulheres conseguiu reverter o quadro de um fascismo que vinha se instalando e ainda está aqui no Brasil. E fomos nós, juntas, unidas, indo para as ruas, que conseguimos eleger Lula. Por isso a pauta ‘sem anistia’ é fundamental. A gente precisa seguir valorizando e protegendo a nossa democracia”, frisou ao Brasil de Fato.

Durante o ato, uma ação de entrega de marmitas produzidas pela Cozinha Solidária da Lapa do Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foi realizada com a distribuição de 120 refeições. “Enquanto tiver pessoas com fome, a gente vai estar entregando o que comer. Infelizmente, a extrema direita e, muitos, tentam criminalizar a nossa solidariedade, o nosso trabalho que há tanto tempo a gente vem fazendo. O que a gente quer é apenas combater a fome”, explicou Glaucia Nascimento, coordenadora nacional do MTST.

Glaucia também falou ao Brasil de Fato sobre o papel da mulher na linha de frente do combate à fome. “As cozinheiras sempre foram invisibilizadas historicamente. O chefe de cozinha sempre era um homem, mas a cozinheira que está sempre alimentando toda a família desde sempre, na história das histórias, elas são invisibilizadas. As cozinhas solidárias colocam as mulheres como protagonistas. Mas agora, as cozinhas solidárias alimentam todas as lutas porque organizam as pessoas e mostram as mulheres os seus direitos. E é por isso que querem acabar com as cozinhas solidárias, mas a gente não vai deixar. Nós somos a maioria de mulheres e vamos combater de pé, combate à fome e todas as formas de discriminação”.

No Rio, o ato unificado das mulheres foi organizado por coletivos, organizações políticas e sindicais e movimentos populares.



Fonte ==> Brasil de Fato

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