Após semanas de especulações e ameaças, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira 2 que vai impor ‘tarifas recíprocas’ das importações a uma série de países. A taxa para o Brasil será de 10%. Segundo o presidente republicano, a tarifa é no mesmo percentual que o Brasil cobra para produtos com origem dos EUA.
Outros países da América do Sul como Argentina, Colômbia, Equador, e Peru, também terão uma tarifa de 10%. Para a China, a taxa fixada foi de 34%; União Europeia, 20%; Índia, 26%; Japão, 24% e Vietnã, 46%. A maior tarifa ficou com o Cambodja, 49%. Veja a lista completa:
Tabela de tarifas impostas pelos EUA. Foto: Casa Branca/Reprodução
Trump afirmou que este é o “Dia da Libertação” dos EUA, seguindo com a retórica de que países “roubam” os Estados Unidos com uma balança comercial que seria prejudicial para os americanos. As medidas anunciadas nesta quarta entram em vigor imediatamente.
Segundo Trump, países impuseram tarifas para “dizimar” os Estados Unidos e que os dias de não dar respostas acabou. “Hoje finalmente vamos conseguir que os EUA sejam grandes de novo, maior do que jamais foi. Trabalhos vão voltar para o nosso País, vamos reforçar nossa indústria doméstica”, disse.
A principal retórica de Trump é a de reindustrializar regiões-chave dos EUA. “Desde o começo do acordo com o México e o Canadá [T-MEC, tratado de livre comércio entre os três países] perdemos 9 mil fábricas e 5 milhões de empregos nas indústrias foram perdidos”, afirmou em seu discurso na Casa Branca.
Desde que retornou à Casa Branca em janeiro, Trump aumentou as tarifas para produtos procedentes da China, para uma parte dos produtos do México e Canadá, parceiros dos Estados Unidos no Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC), e sobre o aço e o alumínio, independente de sua origem.
O presidente ainda impôs tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio importados de “todos os parceiros comerciais, sem exceções ou isenções”. A Casa Branca descartou implementar a política de “cotas” com o aço brasileiro, como foi feito no primeiro mandato do republicano.
Na quinta-feira, um minuto após a meia-noite em Washington (1h01 de Brasília), também adotará uma tarifa adicional de 25% sobre os automóveis e autopeças fabricados no exterior.
As principais economias do planeta prometeram represálias. A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, disse, sem dar mais detalhes, que vai anunciar “um programa abrangente”. O País é um dos mais vulneráveis à taxação, pois envia mais de 80% de suas exportações para os Estados Unidos.
A União Europeia, por exemplo, prevê medidas “antes do final de abril”, afirmou a porta-voz do governo francês, Sophie Primas.
O Brasil também não descarta impor tarifas em resposta à ofensiva de Trump. O presidente Lula (PT), afirmou no sábado 29 que o País tem buscado uma solução negociada antes de partir para medidas mais drásticas.
“Antes de fazer a briga da reciprocidade ou de fazer briga na OMC, queremos gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer um livre comércio com os Estados Unidos”, afirmou.
Pensando nesta orientação de Lula, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chegou a se reunir nesta quarta-feira 2 com o chefe do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer. O objetivo brasileiro foi compreender a posição a ser adotada diante desse cenário, de modo a reduzir os prejuízos para o País.
Fonte ==> Casa Branca