15 de agosto de 2025

Ucrânia desmonta drone kamikaze russo e descobre chip poderoso

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Drones usados pela Rússia estão sendo equipados com chips de inteligência artificial da Nvidia, aumentando seu poder destrutivo, apesar das restrições impostas pelos Estados Unidos quanto à venda desses componentes para o país. A informação foi divulgada recentemente pela Agência de Inteligência de Defesa ucraniana (GUR).

A presença dos processadores avançados foi descoberta após a desmontagem de um drone kamikaze russo recuperado depois de um ataque ao país. Retirando peça por peça da aeronave não tripulada, os militares ucranianos se surpreenderam ao encontrar o componente fabricado pela empresa americana.

A série Jetson Orin da Nvidia está alimentando os drones russos. (Imagem: Nvidia/Divulgação)

Como a IA deixa os drones mais poderosos?

Os ataques lançados pela Rússia usando centenas de drones com IA se tornaram frequentes, com muitas dessas aeronaves passando despercebidas pelos sistemas de defesa aérea da Ucrânia. Dessa forma, o Exército local começou a desconfiar que os dispositivos utilizavam peças da Nvidia.

  • Segundo a GUR, as aeronaves otimizadas com esses chips são capazes de voar de forma autônoma, sem qualquer comando externo, localizando e selecionando alvos por conta própria;
  • Elas também podem reconhecer objetos, processar imagens térmicas e analisar dados de telemetria em tempo real, aumentando a letalidade das ofensivas;
  • Outra capacidade fornecida pelos sistemas de IA é a de tornar o equipamento imune às interferências de rádio, inutilizando os recursos de guerra eletrônica adversários;
  • A peça responsável por essas e outras funcionalidades é o supercomputador Jetson Orin da Nvidia, do tamanho da palma da mão, que realiza 67 trilhões de operações por segundo;
  • “Este é um predador digital. Ele não carrega coordenadas, ele pensa”, afirmou o major-general ucraniano Vladyslav Klochkov, em seu perfil no LinkedIn.

A desmontagem dos drones revelou, ainda, itens como módulo GPS Nasir para navegação resistente e falsificações, chips FGPA para lógica adaptativa e modem de rádio para coordenação de enxames. Sensor de luz da Sony, adaptador Intel wireless AC 8265 e um microcontrolador suíço de 32 bits foram outras peças encontradas.

Um dos modelos analisados também trazia uma grande quantidade de peças fabricadas na China, como motor, controlador de velocidade, acionamento de estado sólido, detonador e bateria. Essa versão incluía um minicomputador chinês Leetop A203 como processador central, baseado no Jetson Orin.

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Os ataques realizados pelos drones com IA são ainda mais letais. (Imagem: Getty Images)

Como a Rússia obtém os chips da Nvidia?

O uso de processadores avançados de IA da Nvidia em drones russos chama a atenção devido às sanções americanas aplicadas a Moscou. Desde 2022, a venda deste e de outros componentes tecnológicos para a Rússia é proibida, mas isso não tem impedido a utilização de tais peças.

Especula-se que o Kremlin recorra a contrabandistas para adquirir os chips. Segundo o Interesting Engineering, as GPUs são disfarçadas como eletrônicos de consumo e encaminhadas em pequenas remessas por meio de rotas que passam por Hong Kong, Cingapura, China e Turquia, driblando as restrições.

Dados de inteligência apontam que a Rússia comprou mais de US$ 17 milhões (R$ 91,9 milhões pela cotação do dia) em produtos da Nvidia em 2023, por meio do mercado cinza. Isso permitiu aprimorar diferentes modelos de drones com as capacidades fornecidas pela IA.

Falando à reportagem, um porta-voz da gigante dos semicondutores disse que a linha Jetson Orin é destinada a estudantes, desenvolvedores e startups, não tendo sido projetada para aplicações militares. Ele confirmou que os módulos não são vendidos no território russo e que a empresa pode cortar o fornecimento para distribuidores flagrados burlando as restrições.

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Fonte ==> TecMundo

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