24 de abril de 2025

um compromisso com a dignidade e com o SUS – Brasil de Fato

Assumi meu mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro há menos de quatro meses. Sou enfermeira, atuante nas urgências e UTIs, com trajetória construída na linha de frente das emergências e dos cuidados intensivos. Venho da luta concreta, do cuidado com o outro, da experiência de quem já viu de perto a exaustão e a esperança nos olhos dos profissionais da saúde. E foi com esse olhar que protocolei, até aqui, 24 projetos de lei, a maioria voltada para a saúde e para a enfermagem. Na última semana, um desses projetos deu um passo importante: foi aprovado em primeira discussão na Alerj o PL 4629/2025, que institui diretrizes para a inserção de profissionais recém-formados da enfermagem no mercado de trabalho.

Trata-se, na prática, da construção de uma Política Estadual do Primeiro Emprego para enfermeiros, técnicos e auxiliares. Um passo fundamental para gerar oportunidades e dignidade a quem dedicou anos de estudo e cuidado ao próximo. A realidade hoje é dura: jovens profissionais se formam, sonham em exercer sua profissão, mas encontram as portas do mercado fechadas, especialmente os que vêm da periferia, das universidades públicas e das redes técnicas estaduais.

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O nosso projeto busca romper esse ciclo. Ele estabelece metas claras e diretrizes para que o Estado incentive a capacitação gratuita, a criação de parcerias com o terceiro setor, o respeito aos direitos trabalhistas e a priorização da contratação de quem vem de contextos de pobreza e vulnerabilidade. Também propõe o fortalecimento de programas de residência e estágios supervisionados, com bolsas que permitam a permanência desses profissionais em formação, inclusive no interior e em áreas de difícil acesso. Entendemos que a experiência prática é insubstituível — e que a formação continuada precisa estar integrada às políticas de emprego. Não se trata apenas de abrir vagas, mas de construir caminhos reais de inserção, permanência e crescimento profissional dentro do SUS.

Não impomos obrigações ao Executivo — mas apontamos um caminho, como já foi feito com sucesso no Distrito Federal e em Pernambuco. O Estado do Rio de Janeiro precisa ser protagonista na valorização de seus profissionais de saúde.

Não podemos naturalizar que milhares de profissionais da enfermagem estejam desempregados ou subempregados enquanto nossas unidades sofrem com a falta de pessoal. Não podemos aceitar que, após anos de pandemia, ainda falte reconhecimento a quem sustentou a vida no momento mais crítico da nossa história recente. Investir na inserção profissional da enfermagem é investir na qualidade do SUS, na geração de renda, na saúde pública e na justiça social.

Sou enfermeira antes de ser deputada. Levo o jaleco comigo para onde vou, isso é nítido inclusive no plenário. Porque ele representa as mãos que cuidam, que medicam, que limpam, que escutam. Esse projeto é mais do que uma política de emprego — é um ato de respeito e de reconhecimento.

Sigo firme no compromisso com a saúde e com a categoria da enfermagem. A aprovação deste projeto em primeira discussão é só o começo. Ainda temos muito a fazer. Mas sigo acreditando: a política pode — e deve — ser um instrumento de transformação real na vida das pessoas.

*Lilian Behring é deputada estadual pelo PCdoB-RJ.

**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.



Fonte ==> Brasil de Fato

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