Mosquito ‘se desliga’ durante períodos congelantes, explicam cientistas Há muito tempo a ciência sonha com um processo eficiente de congelamento de corpos para a ressuscitação num futuro distante.
A chave para a criopreservação se tornar uma realidade pode estar no único inseto nativo da Antártica.
Além disso, essa pequena criatura, chamada de Belgica antarctica, pode servir de inspiração para os humanos viajarem ao espaço distante.
Na criopreservação, seres vivos são congelados a temperaturas muito baixas, muito abaixo de zero, para voltar à vida normal novamente no futuro. A criopreservação já é usada para alguns tecidos, como embriões usados em fertilização in vitro.
O conceito de congelar humanos dessa forma apareceu em filmes de ficção científica como “Alien”, no qual a tripulação de uma nave tinha que entrar em câmaras de “hipersono” semelhantes a tubos após o banho para sobreviver a longas jornadas.
Mas, embora seja possível para células, estamos longe de estar prontos para reviver seres humanos congelados.
Um artigo recente do Scientific Reports, da “Nature”, conta como as larvas congeladas do mosquito “sobreviveram prontamente a 32 dias de hibernação simulada”.
Uma equipe de pesquisa internacional, liderada por cientistas da Universidade Metropolitana de Osaka (Japão), descobriu que o mosquito incapaz de voar lida naturalmente com as estações durante seu ciclo de vida de dois anos, passando por “quiescência” no seu primeiro ano e “diapausa obrigatória” no segundo. Esses são essencialmente períodos de dormência quando o clima está muito frio para funcionar.
O primeiro período ocorre em resposta imediata a condições adversas e, quando as condições melhoram, o organismo se torna ativo novamente. Seu segundo período de “paralisia” vem de dentro, quando atinge um ponto fixo em seu ciclo de vida. Isso permite que os mosquitos surjam como adultos no mesmo período, quando chega o verão.
“Determinamos que, para o mosquito antártico, a diapausa obrigatória termina com o início das baixas temperaturas no inverno, de modo que todas as larvas se transformam em pupas e emergem como adultos ao mesmo tempo”, declarou Shin Goto, membro da equipe de pesquisa.
Ele acrescentou que, embora tais adaptações não sejam conhecidas por ocorrerem em outras criaturas, “acreditamos que insetos que habitam ambientes hostis, como o Ártico e altas altitudes, podem estar empregando estratégias semelhantes”.
Eles criaram mosquitos por um período de seis anos para descobrir alguns de seus mecanismos de enfrentamento ambiental e descobrir como outras espécies poderiam sobreviver ao frio extremo.
“Como adultos, eles têm apenas alguns dias de vida e precisam encontrar um parceiro, então esse mecanismo de tempo é essencial para sua sobrevivência”, explicou o colega Mizuki Yoshida.
Fonte ==> Folha SP e Globo
