A vereadora Luana Alves (Psol) entrou com uma ação na Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo, na noite desta quinta-feira (29), contra a sua colega de trabalho, a vereadora Cris Monteiro (Novo), por racismo.
Durante a sessão no plenário da Câmara Municipal de São Paulo que aprovou o reajuste salarial dos servidores municipais, após uma fala de Luana Alves, Monteiro mandou a vereadora psolista ficar “calada”. Em seguida, dirigindo-se aos servidores que assistiam à sessão nas galerias do plenário, ressaltou que é “branca, bonita e rica”.
“Enquanto vocês [servidores] falaram, ninguém se manifestou. Agora, quando veio uma mulher branca falar a verdade, vocês ficam nervosos. Uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês. Mas eu estou aqui representando uma parte importante da população”, disse.
🚨 A vereadora Luana Alves (PSOL) denunciou Cris Monteiro (NOVO) por R4C1SM0, na Corregedoria da Câmara de São Paulo. Após mandar Luana se calar, a vereadora do NOVO disse que ela incomodava por ser uma “mulher branca, bonita e rica”. pic.twitter.com/UktwEMWwPW
— Luana Alves (@luanapsol) April 30, 2025
Na sequência de um intervalo de 10 minutos, Luana Alves reagiu à fala. “Não podia deixar de deixar registrado aqui que hoje aconteceu um fato muito grave, que foi uma fala com teor racista. Deveria ter sido interrompida essa sessão por mais tempo, e que infelizmente fica para a biografia do presidente da Câmara como algo negativo”, declarou.
Depois, a vereadora do Novo retornou à tribuna e pediu desculpas pelo episódio. “Gostaria de lamentar profundamente as minhas falas. Não foi a minha intenção como parlamentar. Lamento profundamente e espero que as pessoas que se sentiram ofendidas entendam que não foi a minha intenção ofender ninguém – nem na galeria, nem meus colegas parlamentares”, disse.
Na representação, Luana Alves defendeu que a fala de Cris Monteiro “deve ser compreendida no contexto de racismo estrutural”, já reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), durante o julgamento no caso da chacina do Jacarezinho.
“Ao se referir à vereadora negra com um comando agressivo — ‘cala a boca’ — e em seguida destacar sua própria condição de mulher ‘branca, bonita e rica, a parlamentar reforça os marcadores sociais de exclusão, em oposição à parlamentar negra, objetivando desqualificá-la. Com essa afirmação a vereadora demonstra que seu ato consiste na vontade de mostrar-se que há seres humanos superiores a outros seres humanos, pois a ofensa diz respeito a um grupo de pessoas negras na sociedade, portanto, ato racista!”, defende a psolista na ação.
A Corregedoria, agora, deve analisar a denúncia para verificar se há indícios mínimos que justifiquem a instauração de uma investigação formal. Se identificar, um processo disciplinar pode ser aberto, o que envolve diligências como coleta de depoimentos e análise de provas. As sanções podem ir desde uma advertência até a cassação do mandato. O corregedor é presidido pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), aliado de Cris Monteiro.
Em nota, a assessoria de Cris Monteiro afirmou que a parlamentar “lamenta a repercussão de sua fala e reforça que em nenhum momento teve a intenção de ofender qualquer pessoa”.
Fonte ==> Brasil de Fato