27 de junho de 2025

Embora divirjam na tendência, Atlas e Quaest convergem para quadro ruim – Opinião – CartaCapital

A nova troca de indiretas entre Lula e Zema em evento em Minas – Política – CartaCapital

A nova rodada de pesquisas da Quaest e da Atlas segue mostrando números preocupantes para o governo Lula, reforçando que o atual desafio enfrentado pelo campo progressista vai muito além da comunicação.

Na Quaest, a desaprovação ao presidente subiu de 49% em janeiro para 56%, enquanto a aprovação caiu de 47% no início do ano para 41% em abril. Já na Atlas, a desaprovação recuou levemente, de 50,8% em fevereiro para 49,6%, com a aprovação praticamente estável, oscilando de 37,6% para 37,4%.

Embora divirjam na tendência, com a Atlas apresentando estabilidade e a Quaest indicando uma sequência de queda na aprovação, as pesquisas convergem para um quadro ruim, em que a própria base que elegeu Lula vem demonstrando insatisfação com os rumos do País e do governo.

Os dados do Nordeste ilustram bem essa mudança. A desaprovação na região subiu de 37% para 46%, e a aprovação caiu de 59% para 52%. O cenário se aproxima de um empate técnico em um reduto historicamente lulista — desde 2006, incluindo a eleição de 2018, quando Lula esteve preso e impedido de concorrer.

Outro dado preocupante é o aumento da rejeição entre mulheres, eleitorado decisivo em 2022. Segundo a Quaest, a desaprovação nesse grupo subiu de 47% para 53%, enquanto a aprovação caiu de 49% para 43%.

Entre brasileiros que recebem entre 2 e 5 salários mínimos — segmento considerado estratégico — a desaprovação chega a 61%, conforme a Quaest. Para esse público, os programas sociais não são percebidos como fator de melhoria concreta na vida cotidiana. Já temas como segurança pública e inflação têm peso decisivo na avaliação do governo – é justamente este setor, por exemplo, o mais impactado pela chamada crise do Pix no início de 2025.

Os números vêm à tona após quase três meses de gestão do ministro Sidônio Pereira à frente da Secom. Há consenso quanto à melhora na comunicação presidencial, tanto nas redes sociais quanto no discurso político. No entanto, esse avanço ainda não se traduz em reversão do desgaste. A extrema-direita continua eficaz em mobilizar sua base e pautar o debate, enquanto o governo e a esquerda seguem sem resposta à altura.

Esse contraste aparece com nitidez na pesquisa Atlas: a imagem positiva de Jair Bolsonaro subiu de 46% para 48%, e a negativa caiu de 51% para 49%. Já Lula viu sua avaliação positiva cair de 46% para 45%, com a negativa estagnada em 53%. Em simulações para 2026, Bolsonaro aparece com 45,6%, à frente de Lula, que marca 40,6%.

É sintomático que a imagem do ex-presidente tenha melhorado no mesmo momento em que ele virou réu por liderar um movimento golpista. Até aqui, a dinâmica de mobilização política e social do bolsonarismo tem neutralizado os efeitos negativos do julgamento.

Apesar disso, os próximos meses abrem espaço para uma possível virada por parte do governo e do campo progressista. Há oportunidades concretas de articulação social e política capazes de inverter o jogo e colocar a direita na defensiva.

A primeira é o enfrentamento ao tarifaço de Donald Trump. Todos os governos atingidos por Trump nos últimos meses conseguiram aumentar sua popularidade ao mobilizar o sentimento nacional contra o presidente dos EUA. Governos que se contrapuseram publicamente a Trump, como o do México, com Claudia Sheinbaum, e o do Canadá, com o premiê Mark Carney, conseguiram elevar sua popularidade ao mobilizar o sentimento nacional. O governo Lula já anunciou uma campanha sob o lema “Brasil dos brasileiros”, mas será preciso ampliar o alcance e consolidar esse discurso.

A segunda aposta é o projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até 5 mil reais. A proposta já mostrou potencial de impacto: 53% dos entrevistados pela Quaest disseram conhecê-la, e 33% afirmaram que ela trará melhora significativa em suas finanças. Outros 51% veem impacto positivo menor. Além disso, 59% concordam que os mais ricos devem pagar mais, o que indica espaço para ampliar o apoio à medida.

Uma terceira frente é a luta pelo fim da escala 6×1, cujo apoio massivo já ficou demonstrado no final de 2024. A deputada federal Erika Hilton protocolou em fevereiro uma PEC que trata deste direito, e o processo de tramitação que grande potencial para servir como um impulsionador da mobilização. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann já anunciou que o governo estuda apoiar a medida – um movimento que pode ser estratégico e fundamental para consolidar a Lula um nova e potente base social até 2026.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.



Fonte ==> Casa Branca

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