18 de agosto de 2025

O impacto econômico das grandes obras: como megaprojetos moldam o desenvolvimento do Brasil

A construção civil é um dos setores que mais movimenta a economia brasileira.

Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor respondeu por cerca de 7% do PIB nacional em 2024, empregando mais de 2,7 milhões de trabalhadores formais e contribuindo diretamente para a geração de renda e infraestrutura em todo o país. Quando falamos de megaprojetos, como estádios, fábricas e shoppings, o impacto vai além dos números: eles transformam cidades, criam polos de desenvolvimento e deixam legados duradouros.

O Brasil tem exemplos marcantes desse fenômeno. A preparação para a Copa do Mundo de 2014, por exemplo, gerou investimentos bilionários em arenas esportivas e obras de mobilidade urbana, ampliando a capacidade logística de diversas regiões. Entre os estádios erguidos ou modernizados, dois símbolos se destacam em São Paulo: a Arena Corinthians e o Allianz Parque.

O engenheiro civil Leandro Ramiro Masson, especialista em fundações e que esteve diretamente envolvido nessas obras, explica que o impacto vai muito além do espetáculo esportivo:

Leandro Ramiro Masson

“Quando falamos em estádios como a Arena Corinthians ou o Allianz Parque, pensamos em futebol. Mas, por trás, existe um efeito econômico poderoso: geração de empregos, valorização imobiliária no entorno, aumento da arrecadação e criação de um novo fluxo de turismo e entretenimento”, comenta.

Masson lembra que apenas a execução das fundações dessas duas arenas envolveu centenas de trabalhadores diretos e indiretos. Além disso, o cronograma apertado demandou logística afinada e inovação técnica, criando um efeito cascata que movimentou fornecedores, transportadoras e pequenas empresas ligadas ao setor.

O mesmo se aplica a obras de shoppings e fábricas, que alteram completamente o perfil de consumo e empregabilidade de uma região. A inauguração do Shopping Jundiaí, por exemplo, ampliou a oferta de empregos diretos no comércio e atraiu novos negócios para a cidade. Já a instalação da fábrica da Hyundai em Piracicaba impulsionou a indústria automotiva local, criando milhares de vagas e integrando fornecedores nacionais e internacionais.

Dados do Sinduscon-SP mostram que, em média, cada R$ 1 milhão investido em construção civil gera 27 empregos diretos e indiretos no Brasil. Isso significa que megaprojetos como estádios, shoppings e indústrias podem facilmente criar milhares de postos de trabalho, além de estimular investimentos públicos e privados em infraestrutura urbana, transporte e serviços.

Masson reforça que a engenharia civil deve ser vista como motor estratégico para o desenvolvimento:

“Uma obra não é apenas concreto. É desenvolvimento econômico, social e cultural. Quando entregamos um projeto desse porte, estamos entregando empregos, renda e qualidade de vida. A construção civil precisa ser entendida como política de Estado para o crescimento sustentável do Brasil”, afirma.

À medida que o país busca retomar o crescimento em 2025, a expectativa é que novos investimentos em infraestrutura voltem a ganhar força, especialmente em mobilidade urbana, energia e habitação. Para especialistas como Leandro Masson, o desafio é garantir que esses recursos sejam aplicados com planejamento e eficiência, de modo a transformar cada obra em um vetor de desenvolvimento de longo prazo.

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