No meio de semana, tivemos, como sempre, um enorme número de partidas pela Liga dos Campeões da Europa e pelo Brasileirão. Eu, como analista, preciso aprender, como acontece com vários comentaristas, a assistir a dois ou três jogos ao mesmo tempo e ainda entender as muitas variações táticas. Sou novo e um dia consigo.

Dias atrás, houve um evento na federação dos treinadores brasileiros com homenagens ao italiano Ancelotti. Ele agradeceu e elogiou os técnicos do nosso país. Em seguida, Leão, ex- goleiro, sem comandar um time como treinador desde 2012, com deselegância e preconceito, criticou duramente a contratação de técnicos estrangeiros. O elegante Ancelotti ficou calado. Leão foi além, ao falar que a saída de bola com troca de passes desde o goleiro, usada hoje de rotina em todo o mundo, é um absurdo pelo número de erros.

Evidentemente, os times, por causa da intensa pressão do adversário, precisam melhorar a saída de bola. Por outro lado, ela traz grandes benefícios por facilitar a chegada ao gol adversário. De vez em quando, acontecem erros. Até o regular e excelente zagueiro Marquinhos falha, como no gol do Bayern contra o PSG. Nem por isso Marquinhos deixará de ser titular da seleção.

Outra dificuldade do futebol moderno é a marcação adiantada dos zagueiros, às vezes no meio-campo, como fazem Barcelona, Manchester City e outras equipes. Desta maneira, o time deixa muitos espaços nas costas dos defensores. Por outro lado, a compactação facilita a troca de passes e o domínio da bola. O Barcelona, contra o Brugges, da Bélgica, fez três gols e poderia ter feito uns seis. O adversário fez também três e teve chance de fazer seis. É bastante prazeroso ver os jogos do Barcelona.

Penso que a melhor solução seja um posicionamento intermediário dos defensores, entre a grande área e o centro do campo, como é o mais comum. Os times brasileiros, com exceção do Flamengo, Cruzeiro e poucos outros, costumam atuar com os zagueiros colados à grande área, o que é pior, pois deixam muitos espaços entre a defesa e o meio-campo.

Estêvão chegou ao Chelsea já adaptado. Joga como se estivesse no Palmeiras, diferentemente de muitos jovens talentosos brasileiros que vão para a Europa e se apagam, por causa de dificuldades de adaptação ou porque não eram tão bons quanto pareciam, pois é muito mais fácil brilhar no Brasil contra equipes mais fracas. O mesmo problema acontece quando o jogador vai para a seleção. Ocorre também o contrário, atletas que evoluem ao lado de craques.

No meio de semana, pelo Brasileirão, Palmeiras e Cruzeiro venceram, e o Flamengo empatou. No segundo tempo da vitória do Palmeiras sobre o Santos por 2 a 0, quando o time melhorou e ocorreram os dois gols, estavam presentes os seis melhores jogadores do meio para a frente (Andreas Pereira, Raphael Veiga, Vitor Roque, Flaco López, Felipe Anderson e o jovem Allan). Não havia meio-campistas mais marcadores. Nem sempre dá para jogar dessa maneira, mas, quando é possível, fica mais bonito e eficiente.

O Palmeiras possui hoje o melhor elenco da época de Abel Ferreira. É preciso repensar o conceito, falado com tanta frequência, de que o Flamengo tem o melhor elenco do país. Mais do que isso, a alma do time do Palmeiras tem sido mais forte.