20 de abril de 2025

A estratégia de Marine Le Pen, declarada inelegível, para disputar a presidência da França em 2027 – Mundo – CartaCapital

A estratégia de Marine Le Pen, declarada inelegível, para disputar a presidência da França em 2027 – Mundo – CartaCapital

A líder de extrema-direita francesa Marine Le Pen passou à ofensiva nesta terça-feira 1º, com críticas à decisão judicial que a tornou inelegível por cinco anos, mas sem perder a esperança em uma candidatura à presidência em 2027.

“O sistema lançou a bomba nuclear e, se usam uma arma tão poderosa contra nós, é evidentemente porque estamos prestes a vencer as eleições”, afirmou Le Pen diante dos deputados de seu partido.

A inabilitação determinada pela Justiça impede, no momento, a candidatura de Le Pen em 2027.

Ela agora pressiona a Justiça para que analise rapidamente seu recurso contra a sentença. A estratégia é que o julgamento da apelação aconteça o mais rápido possível, para que ela tenha tempo, em caso de absolvição ou inabilitação suspensa, de disputar a presidência.

Ao mesmo tempo, seu partido, o Reagrupamento Nacional (RN), criou uma petição online e convocou “manifestações pacíficas” para o fim de semana. A ideia é apresentar a líder da extrema-direita como vítima de uma perseguição judicial. O apelo busca ampliar a pressão para uma análise rápida do recurso interposto por Le Pen.

Condenação

Le Pen foi condenada a cinco anos de inabilitação imediata e dois anos de prisão domiciliar por desviar recursos públicos quando era eurodeputada, no caso dos falsos assistentes parlamentares.

Ela, após a sentença, alegou inocência e atacou o que chamou de “decisão política própria de regimes autoritários”. A declaração foi dada na noite de segunda-feira 31 durante uma entrevista ao canal TF1, que registrou quase 40% de audiência.

O Tribunal Correcional de Paris, porém, considerou que a política estava no centro de um sistema aplicado entre 2004 e 2016 para que os assistentes parlamentares de seu partido, pagos pelo Parlamento Europeu, trabalhassem como funcionários da sigla, o que é proibido.

Quase 20 réus, entre membros e funcionários do RN, foram declarados culpados, assim como o partido. Os condenados deverão devolver 3,2 milhões de euros ao Parlamento Europeu (19,7 milhões de reais), que se somam aos 1,1 milhão de euros (6,78 milhões de reais) já pagos.

“Processo justo”

Os aliados nacionais e internacionais de Le Pen reagiram com críticas virulentas à “tirania dos juízes”, nas palavras do presidente do RN, Jordan Bardella, e contra “um abuso do sistema legal pela esquerda radical”, segundo o empresário americano Elon Musk.

“Ninguém que se preocupe com a democracia pode se ficar feliz com uma sentença que visa a líder de um partido importante e priva milhões de cidadãos de representação”, disse a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, ao jornal Il Messaggero.

O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, inelegível até 2030 e acusado de uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, denunciou uma “perseguição” contra Marine Le Pen e disse esperar que ela possa disputar a próxima eleição presidencial.

A decisão também dividiu a classe política francesa. O primeiro-ministro François Bayrou está “consternado”, segundo sua equipe. A maioria dos partidos da oposição de esquerda pediu respeito à decisão judicial.

“Esta decisão não é uma decisão política, e sim judicial, determinada por três juízes independentes e imparciais, ao final de um processo justo”, defendeu nesta terça-feira Rémy Heitz, um dos dois principais magistrados da França.

A presidente do tribunal que anunciou a sentença recebeu proteção policial após receber ameaças, informou à AFP uma fonte próxima ao caso. Heitz afirmou que está “escandalizado” com a situação.

Disputa aberta

As principais pesquisas na França apontam que Marine Le Pen seria a mais votada no primeiro turno da próxima eleição. O impedimento, portanto, pode ser capaz de mudar drasticamente o jogo.

“Farão tudo para nos impedir de chegar ao poder”, declarou Bardella à rádio Europe 1. Ele aparece como candidato alternativo à presidência caso a líder de extrema-direita não consiga reverter a decisão.

“Estamos longe de estar mortos”, advertiu o político.

(Com AFP)



Fonte ==> Casa Branca

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